quinta-feira, 23 de junho de 2016

Eu sou anoréxica?

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Olá, pessoal. Bem vindos ao Interestellar. Um blog de teste de layout. Enfim, vamos à postagem. Ao invés de escrever um texto de lorem ipsum, resolvi falar um pouco sobre a minha infância, mais especificamente sua minha anorexia. E daí você pergunta: nossa, summer, como uma criança tem anorexia? E eu te respondo: também não sei, mas vamo que vamo pro post que é possível que vocês entendam tudo no final. Ou não, vai saber né.

Sooooo, quando eu era menor, tipo uns oito ou nove anos, eu era muito magra. E se as pessoas falam que eu sou ''bem magrinha'' hoje, deveriam me ver em dois mil e oito. Para ser bem sincera, eu tinha, como eu disse, oito anos e pesava 17 kg. Eu não achava grande coisa, até porque achava que as outras crianças pesassem mais ou menos a mesma coisa. Também olha para minha cara de quem vai se interessar por peso, ainda mais sendo um número, naquela época não é mesmo? até hoje não me interesso. Só que acho que isso era demais para as pessoas e o cérebro delas dava um bug total, porque elas me olhavam e analisavam como se eu fosse uma aberração, um ser de outro planeta, que elas nunca tinham visto nada parecido. Tipo sério, elas ficavam me encarando, pegando nos meus pulsos e perguntando o que eu comia. Eu ficava meio ''Ham... comida??!?"

Ser tratada como se fosse um ser de outra Galáxia me incomodava às vezes, mas não dava taanta importância assim. Na real, eu até gostava de receber essa "atenção" por ser absurdamente magra e pequena. Sei lá, era uma coisa diferencial sabe? Só minha e tal. Até que as coisas começaram a ficar estranhas. E com estranhas, quero dizer ruins, bizarras, bem bizarramente ruins e incômodas mesmo. De repente as pessoas não comentavam sobre eu ser magra, mas diziam que isso não era normal, e ficavam perguntando sobre minha alimentação. Oi? Certo, desde pequena eu sempre fui muito ''fresca'' para comida e nunca gostei nem de legume nem de verdura. As únicas coisas saudáveis que eu como na real é batata, tomate e alface. E cenoura, mas só na maionese de domingão -qq dfhjsdjfhsd. Tá, parei. Então, se não fosse pelas frutas, que eu gosto, eu estaria bem fodida. Mas não é que eu não comia. Eu vivia comendo. Eu vivia indo na cozinha para beliscar alguma coisa, tipo toda hora. Quando minha mãe trabalhava em um restaurante, eu saía da escola e a tia lá me levava pro trabalho dela né, daí eu ficava o dia inteiro indo roubar comida na cozinha do restaurante jshfsdjfhds Porque os funcionários me adoravam e me davam comida u-u

Só que parecia que as pessoas não aceitavam isso. Não aceitavam o fato da minha magreza ser genética, sei lá. E aí começaram a falar que eu não comia, e que tinha que comer mais, realmente ficavam regulando a quantidade de comida que eu comia, sabe? Além de ser o cúmulo da escrotidão da quebra de privacidade, ainda é falta de educação. Como eu disse, eu sempre fui baixinha, a mais baixinha do grupo, uma das mais baixas da sala. O que eu posso fazer, brasil? Meu estômago é pequeno. E não sei se vocês sabem, mas tem uma parada chamada IMC, que é basicamente um índice de massa corporal. Isso calcula se você está no peso ideal e tudo mais. Tipo, você pega a sua altura, faz uma conta lá de vezes, acho, o seu peso e tcharam. índice da massa corporal. Eu estava abaixo do recomendado, é verdade. Mas eu estava saudável, sabe? Eu fazia as refeições e tudo mais. Tá, sempre tive um problema com anemia por causa da falta dos legumes e verduras, mas isso não vem ao caso. Em relação a alimentação, embora que não tão saudável, eu estava ótima.

Mas isso não fez com que as pessoas deixassem de falar. Pelo contrário. Ficavam me chamando de anoréxica, bulímica, falando que eu não devia comer e etc. Isso era horrível. Eu me sentia uma aberração, elas eram tão cruéis, sabe? Nem se ligavam de que eu tinha só oito anos, cara. QUEM TEM ANOREXIA COM OITO ANOS? QUEM SUPORTA ESSE TIPO DE COISA, ESSAS OFENSAS COM OITO ANOS? Mas também não fazia muita coisa a respeito. Só tentava ignorar. Agora é que as coisas realmente ficam péssimas.

Lembram quando eu disse que as pessoas ficavam me chamando de magrela, anoréxica e etc? Pois é, não eram só umas pessoas escrotas da escola ou uma coleguinha da rua. Era todo mundo, em qualquer lugar que eu fosse. Os amigos da minha mãe falavam, os amigos do meu pai, todos os parentes, todas as pessoas da sala ficavam me zoando. Até que minha mãe, ouvindo isso tudo e não fazendo absolutamente nada para realmente me defender, e me deixando ser devorada por aquele grupo de leões miseráveis e famintos, resolveu que eu realmente estava magra demais e precisava comer. E daí ela passou a ficar regulando a quantidade que eu comia, se eu chegasse na mesa com um pranto que ela visse e achasse que não estava bom, ela me forçava a ir lá e colocar mais, mesmo eu dizendo que não aguentava. Foda-se, ela me forçava a comer às lágrimas, mas eu ia comer, "nem que ela tivesse que enfiar a comida guela abaixo", como ela mesma dizia. E porra, eu sei que tem muita gente passando fome, mas sabe o que é sua mãe começar a gritar e falar que você tem que comer, sendo que sua barriga tá quase explodindo, e você começa a chorar porque sempre fica assustada e encolhida no canto, acuada que nem um gato escaldado quando ela grita? Porque ela é o ser mais assustador quando está gritando? Pois é.

E aí chegamos à fase das pílulas. Porque não satisfeita em quase me fazer ter um infarte de tanta comida, de me fazer estar à mercê de sei lá, arroz e feijão e carne escorrerem de dentro dos meus ouvidos, ela resolveu que eu tinha que comer, tinha que engordar e que eu ia ter que tomar pílulas. Ah, as malditas pílulas. Sabe aqueles remédios de apetite e tudo mais? Pois é, essas pílulas.